Com cerca de vinte livros publicados, Clifford Geertz é, depois de Claude Lávi-Strauss, provavelmente, não apenas para a própria teoria e prática antropológica, mas também fora de sua área, em disciplinas como a psicologia, a história e a teoria literária. Considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea - a chamada Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa, que floresceu a partir dos anos 50.
Geertz, graduado em filosofia e inglês, antes de migrar para o debate antropológico, obteve seu PhD em Antropologia em 1949 e desde então conduziu extensas pesquisas de campo, nas quais se originaram seus livros, escritos essencialmente sob a forma de ensaio. Suas principais pesquisas ocorreram na Indonésia e no Marrocos. Foi o descontentamento com a metodologia antropológica disponível à época de seu estudo, para Geertz, excessivamente abstrata e de certa forma distanciada da realidade encontrada no campo, que o levou a elaborar um método novo de análise das informações obtidas entre as sociedades que estudava. Seu primeiro estudo tinha por objetivo entender a religião em Java.
No final, foi incapaz de se restringir a apenas um aspecto daquela sociedade, que ele achava que não poderia ser extirpado e analisado separadamente do resto, desconsiderando, entre outras coisas, a própria passagem do tempo. Foi assim que ele chegou ao que depois foi apelidada de antropologia hermenêutica. Sua tese principia na defesa do estudo de "quem as pessoas de determinada formação cultural acham que são, o que elas fazem e por que razões elas crêem que fazem o que fazem".
Uma das metáforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz a Antropologia Interpretativa é a da leitura das sociedades como textos ou como análogas a textos. A interpretação se dá em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto" cheio de significados que é a sociedade à escritura do texto/ensaio do antropólogo, interpretado por sua vez por aqueles que não passaram pelas experiências do autor do texto escrito . Todos os elementos da cultura analisada devem ser entendidos, portanto, à luz desta textualidade, imanente à realidade cultural.
Geertz concordava com a idéia de Levi-Strauss de abordagem etnocêntrica (que o antropólogo estruturalista via como algo positivo) no estudo da área. Segundo Geertz, o risco do etnocentrismo é de aprisionar o homem na sua interpretação pessoal. Geertz afirmou que o problema do homem no estudo antropológico não é de estranhar o outro, mas de estranhar a si mesmo, e ele aconselhava os estudiosos a se conhecerem melhor antes de analisarem outras sociedades.
Cronologia bibliográfica resumida
- 1943-1945- Participa da Segunda Guerra Mundial
- 1950 - Completa os estudos no Antiech College em Ohio
- 1951 - Pesquisa multidisciplinar na Indonésia. Geertz estuda religião. Hildred, sua mulher, estuda parentesco
- 1930-1980 - Regressa aos Estados Unidos. Mantém contato com Parsons na Universidade de Chicago
- 1957-1958 - Realiza novas pesquisas na Indonésia
- 1963 - Publica "Agricultural Involution"
- 1963-1971 - Pesquisas no Marrocos. Publica " Islam Observed" em 1968
- 1970 - Vai para a Universidade de Princeton, Nova Jérsei
- 1973 - Publica "A Interpretação das Culturas"
- 1980 - Publica "Negara. The theatre-state in Bali"
- 1983 - Publica "O Saber Local"
- 1988 - Publica "Obras e Vidas"
- 1995 - Publica "After the fact"
- 2000 - Publica "Nova Luz Sobre a Antropologia".
- 2006 - Morre em decorrência de complicações surgidas após cirurgia cardíaca
Artigo retirado de Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clifford_Geertz
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