terça-feira, 8 de maio de 2007

Trechos dos relatórios dos alunos sobre a

Exposição fotográfica “O Brasil de Pierre Verger”:

“Fundada por Verger, em 1988, a Fundação Pierre Verger se ocupa da manutenção e divulgação da obra do artista. À Fundação, ele doou todos os seus bens, que incluíam sua casa e o acervo reunido. Sucessora do Mestre e Patrono a Fundação assumiu a tarefa de divulgar seus pensamentos, exibir a sua obra e estimular o prosseguimento das pesquisas sobre os temas relativos à cultura afro-brasileira. (...) Pierre Verger nasceu em Paris, no dia quatro de novembro de 1902.Desfrutando de boa situação financeira, ele levou uma vida convencional para as pessoas de sua classe social até a idade de 30 anos. O ano de 1932 foi decisivo em sua vida: aprendeu um ofício – a fotografia – e descobriu uma paixão – as viagens. De dezembro de 1932 até agosto de 1946, foram quase 14 anos consecutivos de viagens ao redor do mundo, sobrevivendo exclusivamente da fotografia. As coisas começaram a mudar no dia em que Verger desembarcou na Bahia. Foi logo seduzido pela hospitalidade e riqueza cultural que encontrou na cidade e acabou ficando. O interesse pela religiosidade de origem africana lhe rendeu uma bolsa para estudar rituais na África, para onde partiu em 1948. Além da iniciação religiosa, Verger começou nessa mesma época um novo ofício, o de pesquisador. A história, costumes e principalmente a religião praticada pelos povos iorubas e seus descendentes, na África Ocidental e na Bahia, passaram a ser os temas centrais de suas pesquisas e sua obra. No final dos anos 70, ele parou de fotografar e fez suas últimas viagens de pesquisas à África.” (Maria Cristina Brunes)

“A exposição de fotos do etnólogo Pierre Verger ocorreu no MARGS em comemoração de sua chegada ao Brasil há 60 anos atrás, ele se interessava pela cultura brasileira e sua formação, soube retrata-la muito bem. (...)Ao sentarmos para assistir ao vídeo, nos deparamos com diversos contrastes e comparações, entre eles pode-se ressaltar a chegada de Verger ao Porto de Salvador, porto com comércio muito abundante, o contraste do seu povo com o do interior era evidente. Ele faz comparações entre velhos e crianças, mulheres e homens em situações variadas, podemos perceber aí a espontaneidade das pessoas dentro de suas vidas, algumas com trabalho e sofrimento estampados no rosto, algumas crianças felizes brincando e outras trabalhando desesperançadas. A pobreza era evidente e o calor tornava-se visível nas rachaduras dos pés de cada um, ao contrário do Circo em Curitiba, desta vez as mulheres trabalhavam duro em serviços pesados, tanto quanto os homens.” (Letícia Virtuoso)

“Quem somos? Por que fazemos o que fazemos? Sem cores Verger nos mostra um caleidoscópio multicolorido, uma sinestesia morta em Preto e Branco de odores, sabores, texturas. Mas como é possível um europeu, um estranho do velho mundo, dar significação tão bela a um povo tão plural culturalmente? Enquanto homem de ação e coração, Verger rompe com o intelectualismo inerte e se entrega à nossa cultura, tal qual filho pródigo desta terra abundante, para experimentar e se comunicar com os nativos e consigo mesmo. Consigo mesmo porque, para dar vida ao insosso P&B, Verger não se propôs a simplesmente “documentar” o desconhecido e sim participar, tornar-se cidadão na cultura brasileira, fazer parte de seu sistema de significação e partilhar conosco das percepções e perspectivas da vida.” (Thomaz Oliveira da Silva Novaes)

“Brasil-pandeiro, Brasil-saveiro, Brasil-capoeira, Brasil-agogô, Brasil-vaqueiro.” Um Brasil de misturas, de miscigenação, de raças. Um Brasil que não consegue definir a si próprio, que ainda luta para encontrar sua identidade. Somos apresentados para um novo mundo dentro do nosso país, um mundo onde não existe o acesso fácil, onde não há o horizonte, onde tudo que se enxerga são fileiras e mais fileiras de coroá secando ao sol. (...) E, junto ao coroá, deparamo-nos com aquela que seria, se não a mais pedida, a mais freqüente nos botecos suburbanos da São Paulo horizontal: a cachaça. Mania nacional, a cachaça possui uma produção tão trabalhosa quanto o coroá, porém ela atraiu os mercados estrangeiros, conquistando as elites, sem nunca deixar de lado a prática “mestiça e tradicional”. Mais do que manufaturas, o coroá e a cachaça são formas de expressão e utilização do meio, são a representação da arte de transformar o nada em algo. (Lucas Riboli Besen)

“Vi fotos tiradas no âmbito do pós-Guerra, de expressões culturais e religiosas tipicamente nordestinas, como o circo, a literatura de cordel, o carnaval dos travestidos e o candomblé. Ainda fui apresentado a arquitetura paulista da época. (...) Pierre Verger mostrou aos brasileiros o Brasil. Um Brasil cheio de belezas e de uma pluralidade cultural incomensurável, mas ainda mostrouao mesmo tempo as terríveis desigualdades sociais.” (Gaston Santi Kremer)

“O que mais me chamou a atenção nessa exposição foi a diversidade cultural registrada pelas lentes de Pierre Verger. Da mesma forma com que ele captou as muitas culturas, ele teve a preocupação de registrar os “tipos” em cada uma delas; por isso, encontram-se muitas fotos apenas com os rostos das pessoas – com suas marcas de vida. Dois exemplos: a foto do palhaço do “Circo Nenno” (que abre a exposição) e a de uma senhora muito idosa, toda enrugada. Fiquei encantada ao ver a Literatura de Cordel, com seus ícones Cuíca de Santo Amaro e Rodolfo Coelho Cavalcante de Salvador, com todos os livros amarrados por barbantes. Assim como o Mestre Vitalino, criador de um estilo de artesanato em barro, utilizado até hoje no Nordeste. As fotos dos pintores com seus trabalhos, tembém me encantou, pois cada um possuia seu próprio estilo! Fantástico! Havia uma foto em que aparecia um pintor, um baiano (provavelmente) - só com bermudas e chapéu de palha - e sua obra atrás – que estava repleta de tipos como esse baiano (talvez ele tenha servido de modelo) – muito interessante. Outra, era de um pintor em plena atividade, numa praia, que foi cercado por vários nativos curiosos que estavam vendo seu trabalho.” (Ânia Dóris Reis Bourscheid Del Pino)

“A religião também é objeto de Pierre Verger, retratada pela festa dos navegantes, através das demonstrações de fé a Nossa Senhora Conceição da Praia, que é a padroeira da Bahia. As religiões de cunho africano também foram alvo da lente de Pierre Verger, através de várias fotos sobre os cultos afro-brasileiros, que relatam práticas, rituais, objetos utilizados nos mesmos, pessoas que os praticam, enfim, uma grandiosidade de imagem que por vezes nos choca.” (Mirian Benetti)

“Constata-se, através das fotos, a preponderância da cultura negra com seus costumes como: capoeira, acarajé, músicas, danças e religião. Forte miscigenação dos povos. A cultura e religiosidade criavam um elo de ligação entre a África e o Brasil. E a religião tinha como ponto forte a prática do candomblé, o qual tinha acesso restrito e sofreu repressão política.” (Darlise Susane Brufatto da Silva)

“Logo na entrada da exposição, vê-se uma fotografia retratando a festa de Navegantes. Uma foto muito interessante, pois nela temas religiosos se misturam com uma festa popular, formando uma interessante mistura entre sacro e pagão. Verger retratou de forma excepcional o tema das religiões africanas, por muitos anos perseguidas pelo Estado brasileiro. Retratos de reuniões em terreiros e sacrifícios eram muito perigosas naquela época caso caíssem em mãos erradas. Ao receber autorização para retratar tais ações, percebemos a enorme confiança depositada no trabalho do fotógrafo.” (Marcos Freire de Andrade Neves)

“Mesmo que geralmente nos incluamos todos (os brasileiros) dentro de uma mesma cultura, nota-se em diferentes lugares alguns aspectos culturais totalmente diferentes de outros locais desse mesmo país. O que o fotógrafo ricamente apresenta, como as brincadeiras do bumba-meu-boi, ou a dança do frevo, são características fortes de uma região do país. No sul, por exemplo, essas brincadeiras não são presentes. Isso mostra a distância de costumes em alguns aspectos em diferentes cantos de um mesmo país.” (Maria Gabriela Andriotti)

“Confesso que fui ao Museu sem esperar muito... Mas considero que esse fato foi importante, pois assim pude me surpreender. As fotos eram interessantes não só por apresentarem expressões de culturas diferentes da minha, mas também pela forma que foram tirados. Tive a impressão de que o fotógrafo conseguia captar os pontos principais daquelas manifestações: aqueles que conseguem transmitir o sentimento dos que vivenciam o momento. Achei esse fato importante porque podíamos perceber a sinceridade dos personagens através da fotografia.” (Mayara Annanda Samarine Nunes da Silva)

“A parte mais interessante da exposição, na minha opinião, são as fotos da cidade de São Paulo na década de 50, pois com isso ele quis mostrar os paradoxos entre a tecnologia da cidade e a simplicidade, o subdesenvolvimento do nordeste brasileiro frente as novidades da capital paulista.” (Elisa Graef Bergamaschi)

“Pierre Verger consegue nos mostrar através de suas fotografias que cultura não é algo natural, e sim, algo passivo de se aprender, pois as fotos que tirou retratando a cultura de habitantes nordestinos, hoje mistura-se a de pessoas de "norte a sul do país". Em virtude disso, Pierre Verger conseguiu revelar a alma brasileira através de suas lentes.” (Karen Fischborn Cunha)


”Em Belém do Pará, Veger registrou o Ver-o-Peso, espécie de mercado ou feira livre no porto de Belém. Em Pernambuco fotografou os engenhos de cana, a fabricação da cachaça e o seu consumo. Em Alagoas, registrou os canoeiros e suas canoas no rio São Francisco. Registrou também a verticalização da cidade de São Paulo, no final dos anos 40. A cidade, num ritmo de crescimento acelerado, apresenta uma intensa construção de arranha-céus, numa época em que havia uma “competição” na construção do maior prédio.” (Mariana Guimarães da Silveira)

Na exposição “O Brasil de Pierre Verger” ele mostra um Brasil da década de 50. Mas se analisarmos com o que vemos hoje em nosso país não há muita diferença, principalmente no nordeste brasileiro que é muito parecido com o nordeste de hoje. (Mariana da Silva Ferreira)

“Para mim a exposição dele não foi só uma obra de arte, foi também uma verdadeira pesquisa de campo, mostrando diversos pontos da nossa cultura, ‘sem maquiagem’”. (Fábio Abbud da Silva)

“Através de seu estranhamento o artista nos chama para a reflexão. Ao mesmo tempo em que ele registra sua sensação com a fotografia, faz surgir dentro do espectador uma série de questões. Como conseguiriam aquelas pessoas em condições de vida tão precárias, viver de forma digna e alegre? Como, mesmo com tanta repressão e preconceito, os negros conseguiam manter costumes e tradições de seu país de origem? Porque faziam tanta questão de que isso se preservasse?” (Louise Shizue Kanefuku)

“Talvez por ter um olhar estrangeiro, Pierre Verger conseguiu retratar brilhantemente os aspectos culturais do nosso povo, sua simplicidade, suas crenças, sua religiosidade, sua arte, suas festas, suas dificuldades, sua força de trabalho, suas tristezas e alegrias. E para nós, digo gaúchos, que sofremos também uma forte influência de outros povos e de outras culturas, onde até mesmo as paisagens fotografadas diferem das nossas é como descobrir um outro Brasil, um outro povo.” (Viviane Mosna Demoly)

“Para mim, as fotos transmitiram mais que só uma imagem, uma emoção. O preto e branco não me incomodou, até achei que foi uma opção estilística do autor e que teve sucesso. Em meio a tantas cores pelas ruas, tv, etc., o preto e branco faz um contraste. Contudo, o que mais me impressionou foi a minha própria reação a todas essas fotos. É um Brasil tão próximo e distante, uma “cultura brasileira” que, simplesmente, não é a minha.” (Rita Lewkowicz)

“As peças religiosas, como a festa de navegantes, a peregrinação de Bom Jesus da Lapa, nas margens do São Francisco, e o movimento messiânico de canudos, este último que marca pela tristeza que traz nas imagens e o pesar de perceber aquela realidade. Retrata o candomblé com maestria, e toda a sua admiração pelos cultos afro-brasileiros.” (Lívia Stroschoen Pinent)

“Bom, antes de chegarmos às fotos dos cultos afro-brasileiros vimos alguns painéis sobre a repressão que os afro-religiosos sofriam no Brasil, enfim, neste momento eu já havia concluído nos painéis que depois da vitória da liberdade de expressão a nossa sociedade já aceitara e não mais veria as religiões afro-brasileiras como centros que praticam magia negra. Tanto que atualmente é possível ver fotos desses rituais de sangue e iniciação nessas religiões como àquelas. (...)Porém, me surpreendo com os brasileiro relatando ao estrangeiro, de uma maneira muito irônica, sobre uma espécie de agoro que acontecera com um dos funcionários da empresa deles, “Na frente da casa de praia do “fulano” largaram um desses despachos, que estava atraindo muitas moscas, a mulher dele, então, resolveu tirar como um pá àquela galinha e todo o resto. Até hoje o “fulano” culpa pelo assalto a casa e os dois carro dele, logo após terem mexido no despacho, à esposa e a galinha da macumba” - (ambos riam). Em um discurso totalmente preconceituoso como esse como posso ainda acreditar que a nossa sociedade respeita as religiões afro-brasileiras e dá espaço a elas. De fato, ainda há essa especulação às casas de Umbanda e a mera exposição das fotos não significa que a sociedade ainda aceite a forma que as religiões afro iniciam seus discípulos. Ainda há muito a relativisar!” (Rodrigo Pereira Marques de Azambuja)

“Mostra um Brasil religioso e peregrino como se Vê na festa do Nosso Senhor dos Navegantes, no Candomblé (a obra de Pierre contribuiu para uma imagem estilizada de praticas historicamente estigmatizada e perseguida), mostra Canudos, e a festa de Bom Jesus da Lapa. Mostra um Brasil artístico, carnavalesco mulato e faceiro: Pintores baianos, literatura de cordel, cachaça, frevo, cavalo-marinho, carnaval dos travestidos. E por fim mostra um vaqueiro e saveiro: Vaqueiros, feira de água de meninos, e embarcações Penedos.” (Lucas Oliveira)

“Em uma bancada exclusiva estava exposta também retratos do engraçado “baile dos travestidos”, em que homens se vestem de mulheres e saem às ruas para divertir a população. Do outro lado do museu estava à mostra, por meio de fotografias registradas nos anos 50, os restos da cidade de Canudos após a tão famosa Guerra dos Canudos na Bahia ocorrida durante o Período Republicano.” (Fabiane Maldaner Bulawski)

“Sempre fui um admirador distante de fotografias, principalmente as que retratavam paisagens, mas nunca me interessei realmente por fotografias de pessoas. Mal sabia eu que presenciaria uma obra extremamente humanizada sobre o povo da Bahia, Brasileiros como eu, mas ainda sim distantes anos luz do meu tempo e realidade. A primeira coisa que pensei ao ver as imagens foi no aglomerado de pessoas bastante parecidas que eram retratadas nas imagens; multidões, povo, corpos, enfim: massa. Uma massa de pessoas realizando seus afazeres, ajudando-se uns aos outros, tocando suas vidas, convivendo em sociedade. Tudo isso havia nas fotos, havia também lazer, festividades e inclusive labor.” (Miguel Hexel Herrera)

“A singularidade etnográfica da obra de Verger compõe o vasto campo da Religião afro no Brasil: um dos momentos mais interessantes da exposição apresentada no MARGS é o paralelo traçado entre os negros na África e no Brasil, uma mescla rara de sons e fotografias traz à montagem em vídeo de aproximadamente 10 minutos uma singularidade e uma valorização do popular brasileiro. Fazendo perder-se a imagem racista de um Brasil europeu, branco e nascido do Sudeste brasileiro. O Brasil nasce de todos os engenhos, todas as minas, de todos os escravos e índios mortos no trabalho braçal, usados como bucha de canhão de guerras por ouro, por terras, por pau-brasil e por tantas matérias-prima, pondo a vida e a cultura em detrimento do lucro – percepção ainda presente no discurso brasileiro. (...) A Literatura de Cordel, presente até hoje no imaginário nordestino, representa a ânsia do homem por comunicar-se e contar sua própria história. O Cordel, utilizado como meio de informação e aprendizado popular, assim como de propaganda política e aviso de vacinas à população é a representação da literatura popular mais estudada no Brasil: vendido em grandes feiras, nas ruas das cidades de todo o Nordeste, mostra um caráter popular, criado do povo para o povo.” (Maria Eugênia de Abreu Ferreira)

“Verget mostra nas suas fotografias passo a passo o artista em busca do modelo para sua tela ao ar livre, na beira da praia, com uma naturalidade e simplicidade impressionante. Retratos de artesãos modelando imagens de cangaceiros a partir do barro. Verificam-se ainda, registrados por Verget, a Literatura de Cordel, com os seus folhetos com versos vendidos pendurados num cordão. Os vaqueiros dos sertões, trabalhadores do campo de vida rude. A colheita do Caroá planta rústica cuja fibra depois de preparada é utilizada na fabricação de vários produtos como cordão, sandálias, etc. A produção da cachaça de forma artesanal nos engenhos. As festas religiosas e o carnaval também são cooptados pela lente de Verget.” (Vera Maria Bitencourt de Oliveira)

Verger sendo estrangeiro é de se notar que provavelmente tenha
clicado, valorizado, o que desconhecia, o que lhe era novo, tecendo -ou pelo
menos tentando- um retrato de tudo o que não conhecia, o que essa terra nova
lhe trazia de novo.” (Carolina Nunes Santos)

“A apresentação de slides por projeção associados à música foi intensa. A associação de dois elementos fortes (imagem e música) emocionam. Fotos da pobreza, do suor, do trabalho nordestino, sempre causam impacto.” (Caroline Cantelli)

“Nas fotografias dos ritos de candomblé juntamente com os recortes de jornal da época percebemos o quanto o olhar etnocêntrico pode levar as massas a conclusões errôneas e precipitadas a respeito da cultura diversa à nossa. Vários centros de Umbanda foram invadidos e os participantes dos rituais presos, pois eram taxados de feiticeiros e malfeitores.” (Fabiane Crescêncio)

Sobre a Festa dos Navegantes: “as imagens de Verger possuem um aspecto documental. Revelam momentos singulares de distração e contemplação de participantes da festa, mas também revela as diferentes etapas e os contornos humanos que se formam ao longo da perigrinação.” (...)

“A diversidade de ‘olhares’ sobre a cultura brasileira presente nas imagens de Verger ampliam o olhar do visitande: não há ‘uma cultura brasileira’, mas sim ‘várias culturas brasileiras’. Seria interessante ampliar a visita ou universo de Verger através da leitura de suas obras.” (Alexandre Barreto)

“Por de trás de cada fotografia há sintetizado um sentimento (individual ou coletivo) no momento do ‘clique’. Há alegria na dança (foto das baianas), mas há também a tristeza da velhice, da falta de perspectiva (foto de uma senhora bem velhinha e a outra das crianças). (...) Moderna, poética e tocante – é assim que eu pude definir a obra do Verger; rica como é a diversidade cultural do nosso povo e, além disso, mantém a comunicação com os dias atuais.” (Valéria Lentz)

“Nos pintores baianos e na literatura de cordel, Verger retrata a expressividade da arte baiana e popular nordestina. Mas é com Mestre Vitalino que ele desenvolve um trabalho no qual apresenta todas as etapas do processo artesanal, desde a coleta da matéria prima até a comercialização das figuras de barro nas feiras do nordeste. A exposição de Pierre Verger nos faz viajar pela brasilidade característica do povo nordestino.” (Paulo Ricardo Bandeira Freitas)

“O que mais chama atenção não está no fato de Verger ter fotografado o cotidiano do povo, mas sim de que através das fotos mostrou a cultura e alma do local onde viveu.” (Danieli Silva Bizz)

“Existem imagens que, embora sejam de décadas atrás, poderiam muito bem ser vistas como atuais. O povo reproduz os seus costumes e costumes que são assimilados por outros povos. Tudo é misturado e expresso na forma de rituais, os quais se enraízam como característicos.” (Clarissa Souza Ferreira)

“O que me chamou muito a atenção na exposição foram os diferentes temas retratados, e que foram organizados na mostra por diferentes profissionais, mas que mesmo assim, todos os temas se interligam. E é essa interligação que nos dá a identidade brasileira.” (Kátia Azambuja)

“As maneiras como expõe a cultura popular (carnaval, frevo, circo, artistas populares, etc.), a religião afro e o povo, deixam clara a intimidade do autor com esses temas. Nota-se que as expressões e enquadramentos não são de uma cultura ‘invadida’, e sim ‘participativa’ (ou o olhar assim o faz). (Carolina Sayão Lobato Coppetti)

“Outro setor interessante são das atividades do Candomblé, até então secretas para o grande público, que o fotógrafo foi autorizado a fotografar. Destaco que no MARGS esta parte estava meio ‘escondida’, um erro logo que nada tem de exageradamente forte nas fotos tiradas, além sim de crenças diferentes da religião católica.” (Bruno da Silva Conceição)

“A exposição das obras fotográficas de Pierre Verger é uma viagem maravilhosa pelo Brasil, e não digo só o país de meio século atrás, mas da realidade de um povo que permanece inalterada. Os sulcos e rugas em rostos sofridos, a simplicidade dos humildes, a beleza dos costumes africanos, tudo isso retratado com emotividade e uma intimidade tão grande que é como se estivéssemos frente a frente com essa realidade, convivendo com ela.” (Sandra Fonseca Souza)

“Seja na peregrinação do Bom Jesus da Lapa ou na Festa de Navegantes, mostrando que fome e fé andam juntas com a pobreza e a esperança. E quanto o povo possuía na fé a esperança de dias melhores, pois esses rituais demonstravam a grande devoção às figuras religiosas, e a grande quantidade de pessoas que participavam desses rituais.” (Ivan Penteado Dourado)

“Vi outras práticas regionais de sobrvivência e troca de ideais, que sugerem o englobamento de novos costumes em nossa cultura, como a colheita de coroa para fazer corda, a fabricação de cachaça, a feira de Água de Meninos e a literatura de cordel, que era utilizada para inserir valores através de histórias.” (Alana Ribeiro Curi)

“Em outra ala, onde mostrava a feira de Água de Meninos, duas cenas me chamaram a curiosidade, uma que mostrava dezenas de barcos a vela próximos uns dos outros, aquela união de velas parecia até mesmo com uma cidade e seus prédios. Uma outra cena mostrava a imagem da feira à alguns metros de altura, e a partir de tal, era possível notar o incrível número de pessoas presentes no local.” (Thiago Mauer Lopes)

“Com delicadeza, talento e um olhar inteligente, (Verger) explorou cada cena eternizando o belo no cotidiano de trabalho e festividades populares. Suas obras, em totalidade, buscam cenários simples que às vezes contrastam com a alegria passada pelas faces em clima comemorativo. As imagens expostas também chamam atenção do expectador pelo contraste absoluto (em todas as fotografias) do preto e branco, mas mesmo assim sem perder a impressão contagiante do colorido do Brasil.” (Júlia Helena Becker Kummer)

“A frase ‘Com Verger, tudo é muito real. Tudo é muito Brasil’ seria, em minha opinião, a síntese da exposição, porque realmente tudo é muito real e contemporâneo. E não há como separar o Brasil de ontem do de agora. Pois apesar de ter havido grandes transformações em nossa sociedade, ainda permanecem vivos os aspectos peculiares de nossa cultura (ainda que modificados), toda a desigualdade e atraso social (que eram vigentes naquela época), etc.” (Edson Mendes da Silva Júnior)

“Embora suas fotos revelem uma realidade das décadas de 40 e 50 com retratos em preto-e-branco, elas são marcadas pela diversidade cultural brasileira e pelos contrastes sociais presentes naquele período, mas que representam ainda hoje a realidade do Brasil, sendo por este motivo uma exposição bastante atual. As fotos encontradas na exposição de Pierre, narram a história, a arte, a cultura e o cotidiano de um povo: são memórias que trazem importantes registros históricos.” (Gabrielle Oliveira de Araújo)

"As sutilezas de Verger, a delicadeza com que se aproximava das pessoas captando seus olhares intrigantes, olhares marcados por tristeza, dor e esperança, uma profunda fé no amanhã, no que está por vir. Tudo isso retumbou dentro de mim, de maneira que, empiricamente me sinto perto do povo e de suas expressões, mas me faltam elementos para compreender a trajetória de todo este intrincado jogo, penso que as aulas de Ciências Sociais são propícias para isso." (Laís Luíza Kussler)

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